Ciro espalha brasa da corrida eleitoral em críticas a Lula e provocação ao PT

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Publicado Sexta, 15 de Setembro de 2017 às 10:56, por: CdB

O ex-governador Ciro Gomes, candidato do PDT ao Planalto, recomenda “uma sessão de crítica e autocrítica”; tanto ao presidente Lula quanto ao PT.

 

Por Redação - do Rio de Janeiro

 

Na busca por um ponto de equilíbrio na narrativa de sua campanha eleitoral, o presidenciável Ciro Gomes lançou mão, na noite passada, de um dos marcos centrais de sua campanha. Embora reconheça os avanços sociais determinados nos três mandatos do Partido dos Trabalhadores (PT), não poupa críticas à política de alianças dos petistas. A responsabilidade direta pela roubalheira na Caixa Econômica Federal (CEF), na época em que o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) ocupava a vice-presidência de Pessoa Jurídica da instituição, segundo Ciro, “é do líder do governo”.

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Ciro Gomes vai tocando a campanha ao Palácio do Planalto, com críticas à direita e à esquerda

Para o público que lotava o auditório da Fundação Getúlio Vargas, na Praia de Botafogo, Zona Sul da Cidade, Ciro Gomes estabeleceu mais uma vez, de forma explícita, a fronteira que divide hoje o Partido Democrático Trabalhista (PDT), de origem socialista, no discurso do ex-governador Leonel de Moura Brizola, da legenda petista, liderada por Lula. Sua campanha, de acordo com a assessoria do candidato, “seguirá adiante”, mantidas as críticas à presidenta deposta Dilma Rousseff, a quem reputa “uma mulher honesta”; e a Lula, que já reconhece como o adversário a ser batido, nas urnas.

Perseguição

A novidade, segundo Ciro Gomes, é que tem ficado cada vez mais difícil para o ex-presidente negar a existência de uma quadrilha. E que esta agia dentro das administrações petistas. Os aliados mais íntimos acabaram por derrubar a legenda do poder. Portanto, segundo o ex-governador cearense, cai por terra um dos principais argumentos do concorrente; se houver eleições em 2018. Lula, segundo Ciro, sempre protestou contra a perseguição promovida por seus algozes. Mas, agora, foi delatado por um dos fundadores do PT, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Em nenhum momento, porém, Ciro diz acreditar em “uma só palavra de Palocci” afirmou, por meio de sua assessoria.

— (Mas foi) uma pancada muito forte. Fere o centro da narrativa de Lula e do PT, de que há um inimigo externo promovendo, via judicial, uma perseguição injusta contra o partido. Na medida em que o braço-direito de Lula faz isso que fez, fica muito difícil sustentar essa narrativa — reafirmou Ciro Gomes, em outra ocasião, no início dessa semana.

O líder pedetista alegou que, mesmo que se prove a inocência de Lula perante as denúncias, o ex-presidente “não deveria se furtar da responsabilidade política” pelas nomeações que fez; tanto em seu governo quanto no de sua sucessora.

— Quem nomeou Palocci a vida inteira foi Lula. Essa montanha de dinheiro que descobriram no apartamento do Geddel Vieira Lima foi roubado do povo brasileiro. E durante os governos Lula e Dilma; porque Lula nomeou Geddel ministro da Integração Nacional. Dilma nomeou Geddel vice-presidente a Caixa. Quem botou Michel Temer como chefe de quadrilha na linha de sucessão de Dilma, com o meu protesto privado e público, foi o Lula. Então, é uma responsabilidade política da qual ele não pode se afastar — criticou.

Sem aliança

Ainda que incrédulo quanto aos “mal feitos” de Palocci, Ciro não poupa o fato de Lula se envolver com a cúpula do PMDB. Hoje, a maioria dos integrantes está listada no processo ao que a Procuradoria Geral da República (PGR). O processo segue em análise no Supremo Tribunal Federal (STF), chamado de ‘quadrilhão’. Lula negou, em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, qualquer envolvimento nos ilícitos penais em que está citado no processo, em curso. O petista lidera, com folga, todas as pesquisas de opinião na corrida ao Palácio do Planalto.

Desde que se posicionou, na largada para a Presidência da República, como um candidato que visa os votos da esquerda brasileira - e quantos mais do centro e da direita puder obter -, Ciro Gomes já propôs aliança aos petistas. Mais precisamente, com o ex-prefeito paulista Fernando Haddad. Desistiu dela. Usou da parábola do sapo e o escorpião para definir seu ponto de vista quanto ao nível de confiabilidade na palavra dos petistas, em uma eleição eleitoral. E jogou ainda mais pesado, na noite passada, ao afirmar que uma parcela do PT prefere fazer uma aliança com a ultradireita a integrar sua campanha.

— Isso (a aliança com o PT) somente acontecerá se o eleitor brasileiro me colocar no segundo turno e deixar o PT de fora. Ainda assim, tem muito petista que prefere o (Jair) Bolsonaro (PSC-RJ) a mim. Tem muita gente que torce para o quanto pior melhor — acredita

'Imbecil'

Para Ciro, uma eventual candidatura de Henrique Meirelles (PSD-SP), seria uma ótima notícia. Disse, também, que a melhor opção eleitoral para o PSDB é o governador Geraldo Alckmin. O pedetista classificou o prefeito paulistano João Doria (PSDB) de "farsante”. Segundo o pré-candidato, quanto mais candidatos de direita melhor.

— Tomara (que Meirelles se candidate à Presidência). Quanto mais fraturar a direita, melhor passa a centro-esquerda. No caso, para melhor intérprete, até por omissão dos outros, (por centro-direita) quero dizer eu — afirmou.

Em linha com seu discurso habitual, não faltaram críticas também à ‘Caravana da Democracia’. O roteiro foi promovido por Lula, no Nordeste. Durante a viagem, uniu nomes do PMDB que apoiaram o golpe de Estado contra Dilma Rousseff.

— O que faz o PT agora (pós-golpe)? Vota no Eunício (Oliveira) para presidente do Senado e o Lula chega a Alagoas e se abraça com o Renan Calheiros. Tá pensando que o povo é imbecil? — conclui.

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