Confiança do consumidor cai frente incapacidade do governo na pandemia

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Publicado Terça, 23 de Março de 2021 às 12:12, por: CdB

A queda foi provocada principalmente pela piora do Índice de Expectativas, que mede a confiança dos consumidores no futuro e recuou 12,3 pontos, chegando a 72,5 pontos. A perspectiva para a economia nos próximos meses foi o que mais contribuiu para esse resultado, ao cair 15 pontos.

Por Redação - de São Paulo

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), caiu 9,8 pontos em março deste ano. Com o resultado, o indicador chegou a 68,2 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, o menor valor desde maio de 2020 (62,1 pontos).

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A indústria vem crescendo abaixo de 1% nos últimos anos, constata a CNI

A queda foi provocada principalmente pela piora do Índice de Expectativas, que mede a confiança dos consumidores no futuro e recuou 12,3 pontos, chegando a 72,5 pontos. A perspectiva para a economia nos próximos meses foi o que mais contribuiu para esse resultado, ao cair 15 pontos.

O Índice de Situação Atual, que mede a confiança no presente, caiu 5,5 pontos e atingiu 64 pontos. A satisfação sobre as finanças pessoais no momento atual caiu 7 pontos.

— A forte queda da confiança dos consumidores é resultado do recrudescimento da pandemia de covid-19 em todo o país e do colapso do sistema de saúde em várias cidades. A campanha de imunização do covid-19 no país segue lenta, enquanto o número de hospitalizações e mortes por dia avança rapidamente, levando estados e municípios a adotar medidas de restrição à circulação de pessoas — apontou a pesquisadora da FGV Viviane Seda Bittencourt.

Auxílio tardio

O sentimento de frustração se cristaliza em meio ao pior momento da pandemia da covid-19 diante do fato de o governo federal seguir a passos lentos nas medidas de mitigação da crise sanitária e econômica. Segundo o cientista político Paulo Baía, em entrevista à agência russa de notícias Sputnik Brasil, o país enfrenta também o colapso do sistema sanitário e hospitalar; além de uma profunda crise econômica, agravada pela alta da inflação de produtos básicos, ao mesmo tempo em que o desemprego bate recordes.

Mesmo com o cenário previsível e com alertas sobre o agravamento da situação desde o ano passado, uma nova rodada do auxílio emergencial começará a ser paga pelo governo federal apenas em abril deste ano. O novo auxílio emergencial aprovado pelo Congresso, porém, terá valores reduzidos, entre R$ 150,00 e R$ 375,00. No ano passado o pagamento era de R$ 600,00, chegando a R$ 1.200,00 para mães solteiras.

Desleixo

Além disso, com quase 300 mil mortos na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantém a defesa em tratamentos sem comprovação científica para a covid-19. Segundo Baía, cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa situação se explica por uma visão política específica em andamento na condução da pandemia pelo governo federal.

— Existe uma determinação do governo em contrariar as medidas que outros países estão tomando de apoio à sua população, como a renda emergencial, assim como o apoio ao sistema produtivo. Há um desleixo nesse sentido que não é bem um desleixo, é uma visão, uma visão política de (como) enfrentar a pandemia da covid-19 — resumiu Baía.

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