França sedia conferência climática para debater financiamento do Acordo de Paris assinado há exatos dois anos. Subsídios em investimentos tecnológicos e pesquisa despencam com retirada dos EUA do pacto
Por Redação, com DW - de Paris:
Mais de 50 chefes de Estado e de governo participaram, nesta terça-feira, de uma cúpula sobre o clima na França. O encontro, promovido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, reúne líderes mundiais para discutir o financiamento climático para impulsionar o Acordo de Paris, assinado por 195 países há exatos dois anos.
No encontro estão presentes mais de duas mil personalidades, do setor público e privado. Entre eles, os chefes de governo de Espanha, México e Reino Unido; o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o ator Leonardo DiCaprio e o bilionário Bill Gates.
– Esperamos que essa conferência seja uma ação inédita, particularmente no fornecimento de apoio financeiro aos países em desenvolvimento; e aos pequenos países insulares e países vulneráveis – disse o ex-secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon.
Observadores e participantes advertiram que sem trilhões de dólares em investimento em energia limpa; o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius em níveis pré-industriais continuará sendo apenas um sonho.
– (A ação política) não será suficiente se não atualizarmos e redefinirmos a arquitetura financeira global; e tornar todo desenvolvimento resiliente, sustentável e de baixa emissão – disse Patricia Espinosa, chefe da agência da ONU para proteção do clima.
A cúpula
A cúpula foi anunciada em julho pelo presidente francês como uma forma de retomar a questão da luta contra as alterações climáticas; e a redução da emissão dos gases com efeito de estufa, após a decisão; em junho, dos Estados Unidos de saírem do Acordo de Paris.
Os EUA estão representados pelo encarregado de negócios da embaixada em Paris, por decisão da Casa Branca. Depois que o Acordo de Paris foi adotado, em 2015; com fortes incentivos do então presidente americano, Barack Obama, seu sucessor Donald Trump retirou o apoio político e financeiro dos EUA. O Acordo de Paris levou mais de duas décadas de negociações entre quase 200 países para ser assinado.
O financiamento tem sido há muito tempo um ponto de discórdia no processo climático das Nações Unidas; países em desenvolvimento insistem na assistência financeira para executar as mudanças dispendiosas para fontes de energia menos poluidoras; e para reforçar a defesa contra tempestades tropicais, aumento do nível do mar e secas resultantes das mudanças climáticas.
Trump
Trump, que tem dito que a mudança climática não passa de uma farsa, pediu ao Congresso norte-americano que reduzisse os orçamentos de pesquisa climática das agências federais; o que ameaçaria a perda de bilhões de dólares em investimentos e milhares de empregos. O governo Trump também não cumpriu com compromissos de financiamento climático dos EUA; incluindo US$ 2 dos US$ 3 bilhões prometidos ao Green Climate Fund.
Na segunda-feira, Macron afirmou esperar que Trump "mude de ideia". O presidente francês concedeu bolsas de pesquisa a 18 pesquisadores do clima; 13 de universidades americanas; para prosseguirem com seus estudos na França.
Concluído em 12 de dezembro de 2015 durante a conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) em Paris; assinado por quase todos os países do mundo, o Acordo de Paris entrou em vigor em 4 de novembro de 2016. Ele visa limitar o aumento da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.