Mugabe resiste à pressão de militares para deixar governo do Zimbábue

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Publicado Quinta, 16 de Novembro de 2017 às 07:21, por: CdB

Mugabe, ainda visto por muitos africanos como um herói da libertação, é repudiado no Ocidente, que o vê como um déspota cujas desastrosas medidas econômicas

Por Redação, com Reuters - de Harare:

O presidente Robert Mugabe insiste que é o único governante legítimo do Zimbábue, disse uma fonte de inteligência nesta quinta-feira, e está resistindo à mediação de um padre católico que visa conceder ao ex-guerrilheiro de 93 anos uma saída honrosa na esteira de um golpe militar.

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Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, durante evento em Harare

O padre Fidelis Mukonori está atuando como intermediário entre Mugabe e os generais; que tomaram o poder na quarta-feira por meio de uma operação direcionada a “criminosos” ligados ao presidente; disse uma fonte política de alto escalão à Reuters.

A fonte não pôde dar detalhes das conversas, que parecem buscar uma transição suave; e pacífica após a saída de Mugabe, que comanda o Zimbábue desde sua independência em 1980.

Mugabe, ainda visto por muitos africanos como um herói da libertação, é repudiado no Ocidente; que o vê como um déspota cujas desastrosas medidas econômicas e disposição para recorrer à violência para se manter no poder destruíram um dos Estados mais promissores da África.

Relatos da inteligência zimbabuana vistos pela agência inglesa de notícias Reuters levam a crer; que o ex-diretor de segurança Emmerson Mnangagwa; demitido da Vice-Presidência no mês passado; está elaborando uma visão pós-Mugabe para o país com os militares e a oposição há mais de um ano.

Alimentando a especulação de que tal plano pode estar sendo acionado, o líder opositor Morgan Tsvangirai, que está sendo tratado de câncer no Reino Unido e na África do Sul, voltou à capital Harare na noite da quarta-feira, informou seu porta-voz.

África do Sul

A África do Sul disse que Mugabe relatou ao presidente sul-africano, Jacob Zuma; por telefone, na quarta-feira; que está confinado à sua casa. Mas que de resto está bem e que os militares o estão mantendo e à sua família, inclusive sua esposa, Grace, em segurança.

Apesar da admiração ainda existente por Mugabe, o povo é pouco afeito a Grace; de 52 anos, ex-datilógrafa do governo que iniciou um caso com Mugabe no início dos anos 1990 enquanto sua primeira esposa, Sally, sucumbia a uma doença renal.

Apelidada de “DisGrace” ou “Gucci Grace” devido a seu suposto amor por marcas famosas, ela teve uma ascensão meteórica nas fileiras do partido governista do marido, o ZANU-PF; nos últimos dois anos, o que culminou com a demissão de Mnangagwa uma semana atrás; uma manobra que se acredita ter sido realizada para abrir caminho para Grace suceder Mugabe.

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