Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Phoenix e Witherspoon são ótimos como <i>Johnny e June</i>

Quinta, 09 de Fevereiro de 2006 às 17:56, por: CdB

São excelentes as atuações de Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon, inclusive cantando, na cinebiografia de Johnny Cash,  Johnny e June, que estréia nesta sexta-feira. Interpretando o lendário Man in Black (Homem de Negro), Phoenix revela uma voz surpreendentemente boa e consegue imitar o baixo profundo de Cash. No papel de sua segunda esposa, a cantora June Carter, Witherspoon está ótima como a mulher que é obrigada a atenuar a paixão por não querer testemunhar a autodestruição de seu homem.

O filme de James Mangold também tem suas qualidades, já que consegue evitar muitos dos perigos que rondam qualquer retrato de uma lenda, principalmente relacionada à música. Como Ray, no ano passado, o caminho escolhido aqui é convencional, mas rende uma história emocionalmente satisfatória sobre um homem que lutou contra muitos demônios para reivindicar alguma coisa como artista e ser humano.

Dada a influência do cantor na música, tanto no folk, quanto no rock, country e punk, e o bom acabamento desta produção, é difícil imaginar que não haverá longas filas nas bilheterias para assistir a Johnny e June. Phoenix nunca foi o mais expressivo dos atores, mas isso funciona bem para Johnny Cash. Um homem tímido que cultivava uma imagem de fora-da-lei, ele subia ao palco com um rosto de pedra e a guitarra apontada para a platéia. Phoenix não se parece muito com Johnny, mas consegue entrar no personagem.

Witherspoon capta o humor e a honestidade, assim como a voz da filha da primeira-família da música country. June se apaixona por Johnny, mas a primeira mulher do cantor, Vivian (Ginnifer Goodwin), o segundo casamento de June e a crescente dependência de Johnny de drogas e bebida os mantêm afastados por muitos anos.

Gill Dennis e Mangold basearam seu roteiro em dois livros de Cash, Man in Black e Cash: The Autobiography, além de entrevistas com o casal até a morte de ambos, em 2003. O filme segue a vida de Johnny dos campos de algodão do Arkansas nos anos 1940 até sua celebrada apresentação na Prisão Folsom, em 1968, que gerou um álbum gravado ao vivo que fez muito sucesso.

A história mostra o tempo de serviço militar de Johnny, seu primeiro casamento e seus frustrantes trabalhos até o momento em que ele entra no Sun Studios, em Memphis, em 1955, e se apresenta para o produtor Sam Phillips (Dallas Roberts). A audição de sua banda, o guitarrista Luther Perkins (Dan John Miller) e o baixista Marshall Grant (Larry Bagby), vai mal até que Phillips sugere que Johnny cante uma canção vinda do coração. Uma de suas velhas músicas dos dias no Exército consegue o feito, e logo ele está fazendo turnês com Elvis, Jerry Lee Lewis e a atrevida June Carter.

O filme se concentra na relação, era dificilmente um romance, pelo menos não de início, entre Johnny e June. A história estabelece uma amizade forte e duradoura entre os dois, embora os olhares melados de Johnny mostrem que ele esteja pronto para algo mais. Depois do divórcio de June, Johnny tenta algumas investidas românticas mas, segundo o filme, June consegue resistir por quase uma década. Johnny consegue persuadir June a trabalhar e a fazer turnês com ele, o que deixa enciumada a mulher dele, Vivian.

Johnny e June é basicamente um romance sobre um casal que só consegue ficar sozinho no palco. Os dois são, obviamente, almas-gêmeas, mas há muitos obstáculos entre eles, incluindo a paixão de Johnny pelas anfetaminas. Quando June decide que já sofreu o bastante, a vida de Johnny chega ao fundo do poço com uma prisão, a separação de sua família e problemas financeiros e de saúde.

A decisão de contar a vida de Johnny por meio de uma história de amor fez com que Mangold negligenciasse o desenvolvimento da música de Johnny. Na verdade, o filme conclui que Johnny encontra seu estilo musical sem pensar muito. Ap

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