Jantar do governo com líderes da base aliada fica salgado e não garante apoio à reforma da Previdência.
Por Redação – de Brasília
Apesar dos investimentos em toalhas, cristais e o reforço na despensa, para tantos almoços e jantares oferecidos nas residências oficiais dos presidentes de facto, Michel Temer (PSDB), e da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), a base aliada do governo não está alinhada de forma a aprovar a proposta de reforma da Previdência, ainda este ano.
— Falta o PSDB — disse Maia, a jornalistas, nesta manhã. Sem o apoio dos tucanos, dificilmente esta, ou outra reforma qualquer, transita sem obstáculos no Plenário da Casa.
No jantar da noite passada, Temer e Maia gastaram tempo e dinheiro dos contribuintes para convencer os presidentes de partidos da base governista a trabalhar em favor da reforma previdenciária. Entre uma e outra garfada, Temer pediu apoio aos presidentes e líderes partidários para a reforma em análise na Câmara dos Deputados.
Nada garantido
Para o vice-líder do governo, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o peemedebista foi claro ao afirmar que, se a reforma não for aprovada, pode estancar e prejudicar a retomada do crescimento econômico do Brasil. Maia, devagar no prato por conta do regime para perder alguns quilos, disse, antes da sobremesa, que a reunião foi muito proveitosa. Serviu para uma avaliação da votação da proposta com a maioria dos presidentes de partidos da base aliada. No final, porém, certeza nenhuma. Apenas a esperança.
— A gente sai da reunião com a expectativa muito grande de conseguir reunir os votos dos partidos da base — disse o deputado.
Segundo o presidente da Câmara, os presidentes e líderes partidários tiveram a oportunidade de falar sobre a votação. Alguns chegaram a levantar a possibilidade de fechar questão a favor da aprovação da matéria, mas nada ficou garantido.
— Acho que podemos, de forma organizada, ter condições de trabalhar a votação da Previdência — desconversou Rodrigo Maia.
Realista
De acordo com o deputado Rodrigo Maia, haveria um ambiente mais propício junto aos aliados quanto a importância e urgência de se votar a reforma.
— Com essa consciência, nosso trabalho ficará mais fácil. Farei o que estiver ao meu alcance para aprová-la — promete.
A próxima tentativa de se colocar a matéria em votação será na semana que vem. A penúltima antes do recesso. Ao longo da semana iniciada, Temer e Maia seguirão com as conversas. Compareceram à reunião gastronômica, nas contas do vice-líder Perondi, 11 presidentes de partidos da base governista, líderes aliados, membros do gabinete, técnicos da Previdência, deputados e senadores. Realista, Perondi declarou que o governo ainda não tem os votos suficientes para aprovar a reforma. Resume-se a acreditar que “os votos estão aumentando”.
São necessários 308 votos para aprovar a reforma.