Se houver eleições e oposição vencer, acaba onda de privatizações de Temer

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Publicado Segunda, 23 de Outubro de 2017 às 12:53, por: CdB

Lula e Ciro já se comprometeram com o fim das privatizações. Prometem reestatizar a Petrobras e a Eletrobras, caso sejam vendidas.

 

Por Redação - de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo

 

Caso haja eleições no ano que vem, se a oposição vencer nas urnas e tomar posse, estará encerrada a onda de privatizações em curso, desde que o presidente de facto, Michel Temer, chegou ao poder; após o golpe de Estado deflagrado há mais de um ano. Esta é a conclusão a que se chega após os compromissos firmados por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), pré-candidatos à Presidência da República.

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O leilão de hidrelétricas brasileiras poderá ser revertido

A bandeira da excelência do Estado na gestão da energia e do petróleo consta no programa dos principais partidos de esquerda. Lula e Ciro, no entanto, garantiram que os investimentos realizados pelas empresas transnacionais que compraram patrimônio público serão revistos. As declarações elevam o risco e deixam os investidores, principalmente aqueles ligados ao capital norte-americano, em um nível de estresse ainda mais acentuado.

Tanto Lula quanto Ciro e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), líder da Frente Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional, têm batido na mesma tecla, nos últimos dias. O ex-presidente petista, neste domingo, falou aos jornalistas do diário espanhol El Mundo. Na entrevista, adiantou que fará um referendo para revogar muitas das reformas aprovadas pelo presidente Michel Temer caso vença as eleições de 2018.

‘Uma farsa’

Para Lula, o país tem que voltar a ser governado pensando nas maiorias e não em alguns poucos. Ele também acusa Temer de pretender "privatizar" o Brasil e justifica sua vontade de se candidatar mais uma vez para mostrar ao mundo que o Brasil "pode funcionar".

— Me candidato aos meus 72 anos porque há muitas pessoas que sabem governar, mas nenhum sabe cuidar do povo mais necessitado como eu faço. Conheço suas entranhas, sei como vivem, do que precisam. Se acreditavam que uma condenação ia me tirar a ideia de ser candidato, conseguiram o efeito contrário — disse Lula, na entrevista.

Ainda segundo o líder petista, o julgamento ao qual tem sido submetido “é uma farsa”.

— Nem a Polícia Federal nem o Ministério Público encontraram uma única prova para me acusar, por isso digo que a sentença do juiz Sérgio Moro é eminentemente política — completou o ex-presidente ao ser perguntado sobre a condenação em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Venezuela

O ex-presidente afirmou que hoje a imprensa tem mais poder que o Ministério Público no Brasil e que, pela primeira vez, um juiz está se comportando de acordo com a opinião pública.

— Encontraram dinheiro na casa de Aécio Neves, na do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, na do ex-ministro Geddel Vieira Lima, mas na minha casa, nada. Mexeram nas contas de bancos de todo mundo para encontrar algum desvio de — criticou Lula.

Sobre a questão da Venezuela, Lula diz que defende para o país vizinho o mesmo que para o Brasil.

— Que lide com seus assuntos sem ingerência externa — afirmou.

Privatização

Nesta segunda-feira, para reforçar o discurso de Lula e Ciro Gomes, a Petrobras anunciou a alienação de 90% de sua participação acionária na Transportadora Associada de Gás (TAG), como parte do plano de desinvestimentos de alguns de seus ativos.

“Na fase não vinculante, os potenciais compradores têm a opção de apresentar a primeira oferta pelo projeto, conhecida como oferta não vinculante, já que a proposta ainda não traz um compromisso formal de compra. Pode haver desistência sem ônus ou penalidade”, disse estatal, em nota ao mercado.

Venda de ativos

Nesta etapa do projeto, os interessados habilitados na fase anterior receberão um memorando descritivo; contendo informações mais detalhadas sobre o ativo em questão, além de instruções sobre o processo de desinvestimento, incluindo as orientações para elaboração e envio das propostas não vinculantes.

A venda dos ativos da Petrobras no Brasil e no exterior faz parte do programa de desinvestimento da companhia; com o objetivo de levantar cerca de US$ 20 bilhões até o final do próximo ano. Envolveu operações na América Latina, inclusive a totalidade das participações da estatal na Petrobras Argentina e também na Petrobras Chile.

Dinheiro de volta

Caso vença as eleições, todo esse patrimônio vendido deverá voltar aos cofres da União. Pré-candidato do Partido Democrático Trabalhista (PDT) à Presidência da República, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) avisou, em entrevista a um dos diários conservadores paulistanos, que voltará a estatizar a Petrobras e a Eletrobras..

— Nem pensar em privatizar Petrobrás e Eletrobrás. Não é questão de esquerdismo infantil. Brasil e Venezuela têm petróleo excedente e os EUA consomem mais petróleo do que produzem. Por que vamos entregar isso aos estrangeiros? Isso é estratégico. É uma vantagem que vamos ter de usar por 30 anos – disse.

Matar a vaca

Segundo o ex-governador cearense, “a população, zangada com ineficiências do Estado, começa a acreditar que para acabar com o carrapato tem de matar a vaca”.

— Qualquer venda de parcela do petróleo brasileiro feita com a mudança da lei de partilha, se eu for presidente, será desapropriada; com a devida indenização. Se privatizarem a Eletrobrás, também tomaremos de volta. Pode conceder estradas, mas o que faz o gênio brasileiro nos aeroportos? Privatiza os que dão lucro e deixa o resto onerando o Tesouro — critica.

Ciro também abordou o sistema previdenciário:

— A sociedade está dividida. Há os que imaginam, sem estudar o assunto, que o país precisa de reforma da Previdência para ontem; o que é mentira. E os que querem simplesmente, em homenagem ao corporativismo, negar a necessidade de reforma. A virtude está no meio. Tínhamos seis pessoas ocupadas para financiar uma aposentadoria. Hoje, temos 1,6 empregado para financiar um aposentado. Esse sistema morreu — concluiu.

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