Takeshi Kitano atirou seu filme Outrage (Ultraje) contra o festival de cinema de Cannes nesta segunda-feira, retornando a suas raízes cinematográficas com um filme violento sobre a Yakuza em que praticamente qualquer coisa serve como ferramenta para matar, até mesmo os palitos usados para comer comida chinesa.
O filme relata uma guerra sangrenta entre facções rivais da gangue criminosa Sanno-kai, de Tóquio, e é o primeiro filme de Takeshi sobre a Yakuza desde Brother - A Máfia Japonesa Yakuza em Los Angeles, de 2000. O ator/roteirista/diretor/comediante japonês não hesita diante de nada em inventar novas maneiras de matar.
Mais conhecido por seu pseudônimo Beat Takeshi, Kitano disse a jornalistas em Cannes que não teve razões profundas para retornar ao gênero dos filmes de gângster, que simplesmente teve vontade de fazê-lo.
Mas ele acrescentou que quis que Outrage fosse inovador. Para isso, Kitano acrescentou diálogos ruidosos entre os personagens e imprimiu agilidade à ação, contrastando fortemente com seu estilo usual, árido e até mesmo niilista.
Igualmente importante é o fato de ele ter se esforçado para encontrar maneiras cada vez mais brutais de perpetrar violência. Na realidade, Kitano primeiro criou novos métodos de assassinar para formar a estrutura do filme e então preencheu as brechas na trama.
No que diz respeito à violência, e sem revelar demais, seus fãs poderão se deleitar com cenas que incluem dedos decepados, palitos que mergulham em corpos, cenas brutais envolvendo dentes e algo que envolveu uma cabeça, uma corda e um carro de luxo.
Além das cenas brutais no filme, que Kitano admitiu ser "horrorosamente violento", há diálogos abruptos e altos entre os personagens, que em seus filmes anteriores sobre a Yakuza eram, em sua maioria, estóicos e silenciosos.
Os atores não fazem parte de sua trupe habitual de atores, mas são rostos novos para um filme de Kitano.
O próprio Kitano faz o papel de Otomo, líder de um pequeno clã de bandidos que trabalham para o chefão Ikemoto (Jun Kunimura). Este, por sua vez, recebe ordens do "Senhor Presidente" (Soichiro Kitamura), o poderoso chefe do cartel Sanno-kai.
As histórias sobre a Yakuza vêm sendo contadas há décadas no cinema e, indagado se não estaria sendo antiquado ao retornar ao gênero, Kitano disse que não, pelo fato de que a Yakuza ainda existe.
Mas ele admitiu que as maneiras de ganhar dinheiro evoluíram e hoje envolvem computadores, comunicações e ações de empresas, comparadas a décadas atrás, quando os membros da Yakuza ganhavam dinheiro com o tráfico de drogas, jogos de azar, prostituição e "proteção" de comerciantes.