O caso mais grave, no entanto, é o possível envolvimento do presidente e de seus filhos com a milícia armada que age no Rio de Janeiro. Também nesta quarta-feira, o ex-assessor da família Fabrício Queiroz, que atuava por último no gabinete do então deputado estadual, hoje senador, Flávio Bolsonaro, admitiu em juízo a existência de um esquema de “rachadinha”.
Por Redação – de Brasília
Aliado de primeira hora e uma espécie de guru do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o astrólogo Olavo de Carvalho foi às redes sociais, nesta quarta-feira, e recomendou a renúncia de seu pupilo. ”Bolsonaro: Se você não é capaz nem de defender a liberdade dos seus mais fiéis amigos, renuncie a vá para casa antes de perder o prestígio que em outras épocas soube merecer”, ele publicou no Twitter.
A mensagem de Carvalho, que mora atualmente nos Estados Unidos, ocorre após seguidas tentativas para escapar do pagamento de uma indenização por danos morais no valor de R$ 2,8 milhões, devidas ao cantor e compositor Caetano Veloso por força de uma decisão judicial, já em fase de execução.
O processo contra Carvalho teve quatro decisões judiciais favoráveis ao músico, a última delas, em maio deste ano. O prazo para o pagamento da dívida terminou na segunda-feira mas não foi quitada, o que poderá levar à fase seguinte que é a penhora de bens do sentenciado.
Novas encrencas
Olavo de Carvalho, no entanto, não é o único escudeiro de Bolsonaro às voltas com a Justiça. Ainda nesta manhã, o perfil Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos, conhecido por espalhar fake news, foi suspenso pelo Twitter sem prazo para seu restabelecimento. O motivo da companhia de mensagens eletrônicas foi que a conta viola as regras da rede social. Santos também é alvo do inquérito das Fake News no Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso mais grave, no entanto, é o possível envolvimento do presidente e de seus filhos com a milícia armada que age no Rio de Janeiro. Também nesta quarta-feira, o ex-assessor da família Fabrício Queiroz, que atuava por último no gabinete do então deputado estadual, hoje senador, Flávio Bolsonaro, admitiu em juízo a existência de um esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Queiroz agia no gabinete de Flávio Bolsonaro e fez uma série de depósitos nas contas bancárias do presidente Bolsonaro, da primeira-dama, Michelle Bolsonaro; da mulher do parlamentar, Fernanda, e de seu primogênito. Ele negou, no entanto, que o parlamentar tivesse conhecimento do esquema em curso para se apropriar de parte dos salários dos demais funcionários do gabinete.
Sabia de nada
O depoimento de Queiroz consta de uma petição anexada ao processo sobre o caso que tramita no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), segundo confirmou a reportagem do Correio do Brasil. Na ação, o ex-assessor “admitiu que havia um acordo pelo qual os assessores por ele indicados para ocupar cargos no Gabinete haveriam de lhe entregar parte de seus vencimentos” e que “tal acordo teria sido realizado sem consulta ou anuência do então deputado estadual (…), valendo-se da confiança e da autonomia que possuía”.
Os promotores, no entanto, não acreditam em tudo o que Queiroz confessou. Na denúncia, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) ressaltou não ser “crível que o referido assessor houvesse arrecadado milhões de reais em repasses de assessores da Alerj, ao longo de mais de dez anos, sem que seus superiores tivessem conhecimento do fato e nem auferido qualquer vantagem do ilícito praticado”.
Ainda segundo o MPE, Flávio Bolsonaro é o “líder da organização criminosa e integrante do núcleo político, que nomeava determinadas pessoas, previamente aderentes ao intento delitivo, para diversos cargos comissionados na Alerj, geralmente ‘funcionários fantasmas’, que não exerciam de fato as funções públicas, com o único propósito de ‘emprestarem’ seus dados qualificativos e contas bancárias para permitir o desvio dos recursos em troca de um percentual desses valores”.