Sudão

A violência motivada por etnias aumentou nas últimas semanas, acompanhando os combates entre facções militares rivais que eclodiram em abril e levaram o país à beira de uma guerra civil.

O número de sudaneses que procuram refúgio na região "é o mais alto da década", com os combates intensos a obrigarem, desde 15 de abril, 2,5 milhões de pessoas a abandonar as suas casas.

O conflito entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (RSF, a sigla em inglês) paramilitares causou uma crise humanitária em Cartum, assim como nas principais cidades das regiões.

Esta nova trégua foi anunciada na sexta-feira pelo mediador saudita que há semanas tenta negociar entre ambos os lados.

O exército do país e o RSF se desentenderam por causa da cadeia de comando e dos planos de reestruturação militar durante a transição.

Em sua oitava semana, os combates entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) mataram centenas de civis, levaram 400 mil para além das fronteiras e mais de 1,2 milhão para fora da capital e de outras cidades.

O conflito desalojou mais de 1,2 milhão de pessoas no país e levou cerca de 400 mil a fugir para os países vizinhos, causando grandes danos à capital.

Os esforços de trégua visavam entregar ajuda humanitária a civis presos em uma guerra que desativou redes de energia e água, arruinou hospitais.

As negociações com as Forças de Apoio Rápido (RSF), que começaram no início de maio, produziram uma série de compromissos para proteger civis e dois acordos de cessar-fogo de curto prazo, embora esses acordos tenham sido repetidamente violados.

Muitos moradores estão lutando para sobreviver enquanto enfrentam cortes prolongados de água e energia, colapso dos serviços de saúde.

Embora os combates tenham continuado durante o cessar-fogo anterior, este foi o primeiro a ser formalmente acordado após negociações.

O acordo de cessar-fogo inclui um mecanismo de monitoramento envolvendo o Exército e o grupo RSF, bem como representantes da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, que intermediaram o acordo após negociações em Jeddah.

O Exército tem usado, principalmente, poder aéreo e artilharia pesada para tentar repelir a RSF, que se espalhou por grandes áreas de Cartum e suas cidades vizinhas de Bahri e Omdurman, do outro lado do rio Nilo, após o início dos combates em 15 de abril.

Os moradores relataram um aumento constante de saques e ilegalidades depois que a polícia desapareceu das ruas no início do conflito.

O conflito no Sudão eclodiu em abril e opõe os generais Abdel Fatah al-Burhan, chefe das Forças Armadas, e Mohamed Hamdan Dagalo, líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) e mais conhecido como Hemedti.

Guterres alertou para o risco de a violência “se alastrar” a países vizinhos que estão passando pelos seus próprios processos de paz, como o Chade, onde operam dezenas de grupos rebeldes e cujo diálogo nacional precisa ser “fortemente apoiado”.

Diante deste cenário, as Nações Unidas (ONU) alertaram para a crescente crise humanitária no país e para a necessidade de os dois lados em confronto cessarem as hostilidades.

Uma trégua de 72 horas termina nesta quarta, a terceira consecutiva, para permitir a evacuação de estrangeiros e sudaneses que fogem dos combates em Cartum e outras partes do país, incluindo a conturbada região de Darfur.

A maioria dos hospitais nas áreas de confronto armado estão "fora de serviço". Em Cartum, apenas 16% das unidades de saúde estão funcionando.

Centenas de pessoas foram mortas e milhares feridas ao longo de 16 dias de batalhas desde que as disputas entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido.