O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ainda analisa o relatório da PF e decidirá nas próximas semanas se apresentará denúncia, pedirá arquivamento ou requisitará investigações complementares.
Por Redação – de Brasília
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes espera que o julgamento da ação contra o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro ocorra ainda em 2025. Para Mendes, o julgamento de Bolsonaro e seus aliados ainda este ano evitaria “tumultos” nas eleições presidenciais de 2026.

O ministro, em recente entrevista à mídia conservadora, diz que o julgamento sobre o golpe não deve demorar para acontecer e que, caso surjam novos acusados, as denúncias podem ser fatiadas. Sobre o relatório feito pela Polícia Federal (PF) sobre a tentativa frustrada de romper o processo democrático, no país, Mendes observa que a investigação foi “extremamente bem-feita”.
— Tudo impressiona — pontua sobre os detalhes da investigação conduzida pela PF.
República
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ainda analisa o relatório da PF e decidirá nas próximas semanas se apresentará denúncia, pedirá arquivamento ou requisitará investigações complementares. Na opinião do ministro, um dos pontos que mais impressionou na trama golpista foi o vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022, onde Bolsonaro e seus ministros discutem abertamente um possível golpe, incluindo a tentativa de constranger ministros do STF.
— Fiquei particularmente impressionado com a reunião em que altas figuras da república falaram abertamente de constranger ministros do STF — acrescentou Mendes.
Gilmar Mendes manifestou sua preocupação com as revelações da PF sobre o planejamento para a morte do ministro Alexandre de Moraes, algo que ele considera um reflexo da primeira grande crise pós-redemocratização envolvendo o “invólucro” militar. O ministro opina, ainda, que membros das Forças Armadas e da Polícia Militar não devem ocupar cargos civis se não estiverem afastados do serviço, como na reserva.
— Não parece adequado que um militar que não está na reserva ocupe um cargo civil — afirmou.
Decisão
O magistrado citou como exemplo o caso do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que, segundo Mendes, simbolizou um “grande desastre” ao ser designado para comandar a pasta no período crítico da pandemia de covid-19.
— Foi uma grande irresponsabilidade — afirma Mendes, que, de outra parte, elogiou a “atitude responsável” dos comandos militares ao rejeitar o golpe.
O ministro também comentou sobre a decisão de Moraes de não liberar o passaporte de Bolsonaro para que o ex-presidente viajasse para a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Mendes afirmou que Moraes preferiu “não correr risco” diante de um tema “delicado” e que o momento de oferecer a denúncia estava próximo.
— Estamos às vésperas de um eventual oferecimento de denúncia nesse tema, é um tema delicado, buliçoso, e ele (Moraes) preferiu não correr risco — concluiu.